O ano de 2012 está
repleto de novas séries na TV americana, como Common Law, New Girl, Revolution, The Finder, Smash, Alcatraz, The
River e muitas outras, mas a mais promissora foi Perception. A produtora é a TNT, emissora sem muita tradição
na produção de séries, que apostou numa inovação em histórias policiais: sai de
cena o foco na cena do crime analisada com altíssimas tecnologias e os
interrogatórios magistrais; nada de policial durão/ex-militar ou agentes
detectores de mentiras; o protagonista dessa série é um professor que irá fazer
o telespectador ver a realidade de outra forma.
O argumento da
série é um velho clichê: a agente do FBI Kate (Rachael Leigh Cook) solicita a
ajuda de seu ex-professor Daniel Pierce (Erick McCormack, de Will & Grace), especialista renomado
em neurociência, para desvendar os crimes que a Agência tem dificuldades. Isso
já foi visto em várias séries, desde o antigo Arquivo X até Castle e The Mentalist, mas o diferencial de Perception é que o
protagonista é esquizofrênico. Daniel luta contra a doença há anos, sendo a razão de ter dedicado sua carreira ao estudo do funcionamento do cérebro humano, principalmente como a mente percebe o que é real e o que não é real.
protagonista é esquizofrênico. Daniel luta contra a doença há anos, sendo a razão de ter dedicado sua carreira ao estudo do funcionamento do cérebro humano, principalmente como a mente percebe o que é real e o que não é real.
Em todos os
episódios, Daniel é incomodado por ilusões projetadas pelo seu inconsciente,
causando situações onde o professor precisar se esforçar ao máximo para que as
pessoas ao seu redor não percebam sua condição, pois, caso descobrissem, ele
perderia toda sua credibilidade. No entanto, o que parecia ser um obstáculo
para resolver os crimes torna-se sua principal arma: as “pessoas” (ilusões) que
Daniel vê é a maneira que seu inconsciente encontra para lhe mostrar coisas que
o professor já assimilou, mas não conseguiu ainda ordenar num pensamento
lógico. As fantasias criadas pela esquizofrenia lhe dão dicas do que,
inconscientemente, ele já descobriu, mas ainda não sabe. Nisso reside a grande
sacada da série.
Aumentando o
drama da série, o protagonista possui uma alucinação recorrente: Natalie (Kelly
Rowan), um amor do passado que o espectador pode apenas conjecturar o que
aconteceu. Não se sabe se ela é uma pessoa real, ou se é uma ideia de Daniel,
ou se ela já morreu ou apenas foi embora. O que se sabe é que Natalie é a
melhor amiga do professor, sendo a grande fonte de informações sobre como ele
pensa, muitas vezes repreendendo-o. Ela é uma personagem recorrente da série,
não desaparecendo da vida de Daniel como acontece com as outras alucinações
quando o crime é solucionado.
Apesar do que
foi discutido até aqui, a doença de Daniel é tratada como um problema na série.
O professor, avesso aos remédios para controlar sua condição, segue uma dieta
rigorosa e possui diversos exercícios e rituais para ocupar sua mente e impedir
que a doença o impeça de ser funcional. A esquizofrenia é tratada de uma
maneira muito delicada e respeitosa, mostrando os problemas que ela traz ao
portador, desmistificando vários preconceitos demonstrados, normalmente, na
televisão. Perception trata de uma
maneira muito inteligente como o cérebro interpreta o que é a realidade, sendo
o ponto alto as discussões do professor na universidade sobre o assunto.
A série
terminou sua primeira temporada em setembro com 10 episódios e a TNT já
anunciou a continuação para 2013. Vale muito a pena conferir.
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